ATMOSFERA
Incidência de raios será maior em 2019
Sob influência do El Niño, a probabilidade será 50% maior na região Sul; mortes no País pelo fenômeno podem
É fato que a probabilidade de alguém morrer
atingido por um raio é inferior a uma em um milhão. Em geral, durante uma tempestade, os moradores das cidades estão protegidos do perigo dentro de suas casas, dos prédios onde trabalham, dirigindo ou pegando o ônibus. O que nem sempre é levado em conta é que essa chance pode aumentar para uma em mil dependendo da situação - caso daquela partida de futebol na praia que continua apesar das trovoadas, por exemplo. "Essa é a desinformação que leva a mais mortes no Brasil", diz Osmar Pinto Junior, coordenador do Elat (Grupo de Eletricidade Atmosférica), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). "Quando as pessoas se colocam em situações de risco - no campo, na praia, andando de moto - a chance é grande. Essa frase leva as pessoas a subestimarem os riscos", diz.
ser evitadas com
Segundo o Elat, o Brasil é o lugar onde mais pessoas morrem devido a acidentes com raios; fala-se em uma média de 110 a 130 mortes por ano, a maioria no verão
Segundo o Elat, o Brasil é o lugar onde mais pessoas morrem devido a acidentes com raios. Fala-se em uma média de 110 a 130 mortes por ano - a maioria no verão (43%). Por razões geográficas, o País é, também, campeão mundial em incidência de raios. A incidência deve ser maior em algumas regiões em 2019, influenciada pelo El Niño. Segundo o Elat, as previsões indicam um aumento de 50% no Sul e de 20% a 30% no Sudeste.
Com o passar dos anos, a tendência é que a incidência de raios aumente, já que há estudos que sugerem influência do aquecimento global sobre os relâmpagos, além das ilhas de calor das cidades também contribuírem para o aumento das tempestades.
CUIDADOS
A boa notícia é que, de acordo com Pinto Junior, até 80% dos acidentes poderiam ser evitados. Muitas recomendações de segurança são conhecidas pela população, mas algumas dúvidas persistentes e mitos podem levar a erros. Um deles é acreditar que só caem raios quando está chovendo. "A chuva ocorre sob a nuvem, mas os raios se deslocam", explica. "As pessoas devem estar atentas ao céu ao seu redor para evitar serem surpreendidas nessas situações que, infelizmente, ocorrem todos os anos", diz.
Folha Arte
O especialista diz que existem raios que chegam a se movimentar por 100 quilômetros antes de descerem ao solo - o que explica a ocorrência em locais sem qualquer sinal de tempestade, os "raios em céu azul". Contra estes, contudo, não há o que fazer.
Outro mito é acreditar que qualquer veículo é seguro por causa dos pneus. Não é verdade: veículos sem capota, como motos e tratores, não oferecem proteção. "Todos os anos, vemos cerca de cinco casos de pessoas que morrem andando de moto em tempestades", conta Pinto Junior. "Temos visto casos crescentes nas periferias das cidades, porque número de pessoas andando de motos está aumentando."
Já a prática de atividades agropecuárias durante tempestades foi a circunstância com maior número de vítimas, de acordo com um estudo do Elat que analisou 1.792 mortes por raios de 2000 a 2014. As mortes no campo representam 25% das vítimas por raio no País. Segundo esse levantamento, 2.044 mortes ocorreram entre 2000 e 2017 houve - 106 no Paraná.
Para o meteorologista Samuel Braun, do Simepar (Sistema Meteorológico do Paraná), outro erro comum é procurar proteção embaixo de árvores. "A possibilidade de ocorrência de uma descarga nestes locais é muito grande", lembra. Segundo o levantamento do Inpe, esta foi a circunstância de 8% das mortes. Já as mortes ocorridas dentro de casa (18%) são explicadas por acidentes com a rede elétrica e telefones com fio.
INFORMAÇÃO
Folha Arte
A estimativa de que 80% dos acidentes são evitáveis vem da comparação com a média comumente citada para países como os Estados Unidos, onde menos de 50 mortes ocorrem anualmente. Embora o território norte-americano tenha menor ocorrência de raios, tem população maior. "As ocorrências dependem da quantidade de raios e do número de pessoas - daí São Paulo ter o maior número de mortes do País, mas não o maior número de raios", explica. Para Pinto Junior, a diferença está na educação. "Se tivéssemos o mesmo nível de informação, deveríamos ter menos mortes", defende.
Nenhum comentário