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PEC quer prorrogar mandatos de prefeitos e vereadores até 2022

Proposta de deputado paranaense, apresentada na Ășltima quinta-feira, pretende unificar eleiçÔes federais, estaduais e municipais

Uma Proposta de Emenda Ă  Constituição (PEC) pode prorrogar os mandatos dos atuais prefeitos e vereadores de todo o paĂ­s, que estĂŁo previstos para serem concluĂ­dos no ano que vem, atĂ© 2022. Apresentada durante a Marcha dos Prefeitos na Ășltima semana, em BrasĂ­lia, pelo deputado federal RogĂ©rio Peninha (MDB-PR), a PEC foi protocolada na CĂąmara dos Deputados na Ășltima quinta-feira (12).
Na avaliação do prefeito de Moema e presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM), Julvan Lacerda, a proposta é positiva em termos financeiros e políticos para o país, uma vez que, segundo ele, unificaria todos os pleitos eleitorais em um só ano, reduzindo gastos e interrupçÔes em trùmites legislativos e executivos.
“Passou da hora de fazer isso, nĂŁo justifica ter uma eleição a cada dois anos, termina uma e começa outra logo depois. É mais econĂŽmico para o paĂ­s e Ă© mais viĂĄvel para o exercĂ­cio dos mandatos pra nĂŁo ser interrompido no meio com outra eleição. O ideal Ă© que a eleição aconteça no mesmo dia, de presidente a vereador. Isso Ă© economicidade”, argumenta Julvan Lacerda.
No texto original apresentado por Peninha na CĂąmara, a PEC acrescenta um artigo ao Ato das DisposiçÔes Constitucionais TransitĂłrias (ADCT), que trata das posses de mandatos eleitos. Nesse ponto, seria colocado o fim dos mandatos atuais de prefeito e vereador no dia 1Âș de janeiro de 2023. 

Como justificativa, o parlamentar tambĂ©m cita a “economia significativa de recursos pĂșblicos”, mas argumenta ainda que “Ă© preciso considerar o momento delicado que o paĂ­s atravessa”. “Com a supressĂŁo do pleito eleitoral de 2020, a classe polĂ­tica, livre dos encargos inerentes Ă s campanhas eleitorais, poderĂĄ concentrar-se nas reformas de que a RepĂșblica tanto precisa”.
Eleito em 2016, o vereador da CĂąmara Municipal de Belo Horizonte Gabriel Azevedo (PHS) critica a proposta e teme que, caso as eleiçÔes aconteçam ao mesmo tempo, o debate das esferas federais acabe se sobrepondo na opiniĂŁo pĂșblica, ameaçando as pautas municipais.
“Parece-me uma emenda Ă  Constituição completamente descabida. O povo elegeu vereadores e prefeitos em 2016 para um mandato de quatro anos. Esticar esse tempo Ă© desrespeitar a democracia. Ainda sou contra indiciar as eleiçÔes. Numa eleição em que hĂĄ candidatos a presidente, o debate municipal corre o risco de desaparecer. O municipalista que defender isso anula o papel das cidades na polĂ­tica brasileira e centraliza tudo em BrasĂ­lia”, afirmou Azevedo.
Para o advogado e especialista em direito constitucional Lucas Paulino, a PEC pode vir a ser considerada inconstitucional por ir contra clĂĄusulas pĂ©treas da Constituição Federal. 
“Essa PEC pode ser considerada inconstitucional por violar a clĂĄusula pĂ©trea do princĂ­pio republicano que determina eleiçÔes periĂłdicas, prevista no art. 60, parĂĄgrafo 4Âș, inciso II da Constituição. A Constituição estabelece que a duração do mandato Ă© de quatro anos. NĂŁo se pode mudar as regras do jogo no meio do jogo, sob risco de atentar contra a segurança jurĂ­dica e o princĂ­pio democrĂĄtico, visto que os eleitores autorizaram os eleitos a governar por quatro anos. Caso queiram modificar a duração do mandato, para ser vĂĄlido, tem que ser para a eleição seguinte”, apontou Paulino.
AMM acha justa a extensĂŁo de mandato
De acordo com o presidente da Associação Mineira de MunicĂ­pios (AMM), Julvan Lacerda, a prorrogação destes mandatos “daria tempo” para que os prefeitos mineiros conseguissem regularizar e “arrumar a casa” dos municĂ­pios antes de entregar para o prĂłximo eleito.
“Nesse processo, ou vai ter que ter um mandato de dois anos, o prĂłximo, ou esse passar para seis. E achamos mais justo passar para seis anos, atĂ© pra dar tempo aos prefeitos para dar ordem na casa, receber o dinheiro que o Estado confiscou e organizar, para entregar uma prefeitura mais organizada ao prĂłximo. Quando o deputado apresentou a proposta na marcha, foi unanimidade que todos concordaram”, disse.
A fala de Lacerda faz referĂȘncia ao inĂ­cio dos pagamentos da dĂ­vida do Estado com os municĂ­pios, apĂłs acordo firmado pela prĂłpria AMM e o governo.
O acordo prevĂȘ a quitação de R$ 7 bilhĂ”es atĂ© o final do mandato do governador Romeu Zema (Novo), justamente em 2022. A dĂ­vida do Estado com os municĂ­pios Ă© de R$ 13,3 bilhĂ”es. O acerto, no entanto, contempla apenas o pagamento dos repasses que sĂŁo constitucionais. O dĂ©bito de R$ 6,3 bilhĂ”es, relativos aos convĂȘnios na ĂĄrea de saĂșde, ao piso assistencial e Ă s multas de transito, ainda nĂŁo foi negociado.

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