Rio Bom - Recordando pessoas inesquecíveis de Rio Bom, recordando memórias
Escrito por Alice Xavier, para se fixar em Rio Bom, relembrar tudo o que é História de Rio Bom.
RECORDANDO PESSOAS INESQUECIVEIS DE
RIO BOM
Sendo Rio Bom uma cidade
pequenina, tranquila e gostosa para se viver é normal que, principalmente, os
aposentados voltem a lá viver.
Como toda cidade pequena
há a dificuldade para se empregar o jovem que, infelizmente, acaba tendo que ir
conquistar seu espaço em outro município maior onde o mercado de trabalho lhe
ofereça condições de trabalhar e construir seu futuro.
Porém, mesmo com todas as
dificuldades de uma cidade pequena Rio Bom é receptiva e solidária. Talvez por
possuir essas características tão acentuadas lá já residiram diversos
personagens interessantes e que não devem ser esquecidos.
Não eram ricos, não se
enquadravam no contexto social. Mesmo assim eram conhecidos e deixaram marcas
que trazem saudades.
Um desses personagens,
conta o povo, que apareceu vindo em uma perua numa noite e alguém o deixou na porta do
asilo.
Foi acolhido com carinho
e ali permaneceu até morrer.
Como não se lembrar do
“Jacaré”? Aquele ser humano com os dentes para fora, que não falava e vez ou outra
emitia uns sons que somente ele para compreender.
No entanto, em todos os
lugares se via o Jacaré andando pelas ruas. Entrava nas lojas, entrava nas
escolas, entrava em todos os lugares porque sua cabeça funcionava como a de uma
criança que ainda não sabia distinguir o certo do errado.
Sua característica
principal era o amor que tinha por papel. Jacaré entrava, ganhava um papel e
saia todo feliz. Só tinha um detalhe, não podia ser papel totalmente branco.
Ele gostava de cores.
Era normal ver Jacaré
desfilando pelas ruas com suas sacolas de papeis. Carregava-as como se fossem
joias raras.
D. Josefina que dele
cuidou por uns tempos dizia que na hora do banho ela tirava todos os papéis do
quarto dele. Não se sabe a medida da sua capacidade de entender. Porém, segundo
ela, logo ele desconfiou e passou a levar a papelada toda para o banheiro na
hora do banho.
Interessante era chegar à
igreja e lá encontrar o Jacaré. Com um folheto nas mãos de ponta cabeça fazia
tudo o que os outros faziam e na hora da comunhão também ia e comungava.
Sabia com exatidão os
horários de lanches nas escolas e lá aparecia. Muitas vezes a molecada judiava
dele. Ele comia e saia.
Certa vez, viu uma cobra
por onde iria passar e lá parou gesticulando e emitindo seus sons de socorro.
Veio um senhor e matou a cobra. Com ele sabia que era um bicho perigoso?
E assim Jacaré fez parte
da vida de Rio Bom onde todos se habituaram a ver c aquela figura que não fazia
mal a ninguém e dizia:”bi..bi..bicho..”
Parabéns ao Lar São
Vicente de Rio Bom que acolheu esse ser humano, deu-lhe dignidade fazendo dele
um cidadão.
Jacaré faleceu. É
estranho chegar ao cemitério e ver que ele lá está. Calado para sempre, sem
recolher seus papéis. O Lar São Vicente cuidou com zelo
do seu tumulo onde colocaram uma foto dele com as suas sacolas de papéis.
A indagação que fica é
qual seria o mistério daquele amor pelos papéis coloridos? O que o levou a ter
fixação por papéis.
A lição que fica é que
quando se almeja algo e se consegue a felicidade fica estampada no rosto. Assim
era Jacaré a cada papel que ganhava.
Aqui fica um espaço para
quem souber histórias interessantes com essa figura que compartilhe com as
outras pessoas.
Lembro muito do Jacare, lembro de sua alegria com os papéis.
ResponderExcluirQuando visitava o asilo, ele demonstrava satisfação. É realmente uma pessoa inesquecível que passou por nós...
Muito bom!
ResponderExcluirLogo que chegou em Rio bom vou confessar tinha medo dele mais com o passar do tempo percebi que ele era apenas uma criança em um corpo adulto!
ResponderExcluirAlice, parabéns minha amiga. Parece que vivi lá com vocês e conheci o Jacaré. Muito bacana e bem explicado o texto.
ResponderExcluirAbraços Zezé.
Muito bem lembrado! Quem esquece o "Bibiche, Bibiche"? Quem chegou a saber a idade dele? Jacaré é uma das histórias que ao contarmos faz as pessoas nos chamarem de Bosenda de Pato Branco! Parabéns minha amiga irmã Maria Alice pela iniciativa. Precisamos dar continuidade ...
ResponderExcluirOi Minha Amiga Querida Alice...Sem Dúvidas , O "Jacaré" Foi Uma Pessoa Marcante Na Cidade De Rio Bom, Vendo a Sua História Sendo Contada Com Detalhes... É De Certa Forma Muito Curiosa a Sua Vida...E, Algo Que Ninguém Pode Tentar Fazer Um Estudo Sobre Sua Obsessão Por Papéis ? Talvez, Ali Tivesse Alguma Coisa Importante, Que Ele Necessitava Fazer Alguém Ouvi lo.... Mas, Que Também Tinha Que Ser Uma Pessoa Especial Para Estuda lo , Desculpe, É Só Uma Observação Minha. Até Porque, Com Algum Acompanhamento Especial Com Relação aos Papéis Coloridas...e Tentar Desvendar ou Descobrir Um Pouco De Uma Única Coisa Que Despertava o Seu Interesse Por Algo.
ResponderExcluirComo esquecer do Jacaré, faz parte da nossa história. Corpo de homem e alma de criança.
ResponderExcluirRio Bom minha primeira cidade , até vir morar em Rio Bom , aos 17 anos nasci e vivi no interior que também era muito bom e que me traz muitas saudades , eu particularmente não sei quem era o Jacaré , está pessoa tão especial que se tornou uma linda história , ouvi falar alguma coisa sobre este personagem interessante mas não tive o prazer. De conhecer e de conviver com ele , parabéns Alice pela bela narração da bis de Jacaré , eu gostaria muito de ter conhecido este homem com alma de criança Mas vivi bem pouco nesta cidade que até hoje meu coração sente muita saudade , um grande abraço Alice e parabéns pela narração de uma linda história bjosss , sinto muita saudades de vc.
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